Por Patrick Goodenough - 27/set/99

Londres (CNS News.com) - O Partido Trabalhista de Tony Blair terá pela frente dois dias de protestos públicos embaraçosos durante a convenção anual a ser realizada esta semana.

Furiosos fazendeiros, atingidos por custos escalantes e preços decrescentes, além do que eles entendem como um excesso de regulamentação do governo e da União Européia, planejam demonstrar seu descontentamento em frente ao centro de convenções em Bournemouth na segunda feira, enquanto partidários da caça à raposa deverão protestar na terça.

A perspectiva de macular os feitos do partido trabalhista com demonstrações de protesto não agradou ao primeiro ministro e o governo empregou diversas táticas nos últimos dias para enfraquecer as manifestações.

Na última semana ele ofereceu um pacote de incentivos de US$240 milhões aos criadores de gado, mas tentativas dos principais sindicatos ruralistas para desmarcar os protestos como gesto de boa vontade foram rechaçados por membros que ameaçaram ir em frente com ou sem o apoio do sindicato. Muitos até afirmaram que sairiam do sindicato.

A passeata de protesto deverá acontecer, apesar das manobras do governo vistas como tentativas de "comprar" os sindicatos.

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Muito embora afetando menos gente, o empenho de Blair em proibir a caça à raposa (caça com cães) incomodou a muitos e está sendo visto como um sinal das amplas ameaças às comunidades rurais.

A Countryside Alliance (NT - ONG criada para defender as tradições rurais britânicas) organizou uma série de passeatas pelo interior para protestar contra os "planos de criminalizar a caça, a ameaça de mais restrições ao uso de armas e o aprofundamento da crise na agricultura - o amálgama que une a economia e a cultura da Grã Bretanha rural", afirmou o grupo em uma declaração oficial.

A campanha prevê uma demonstração de 1600 manifestantes pré-selecionados "representando aqueles cujo modo de vida será profundamente afetado por uma proibição à caça".

Numa tentativa de desativar os elementos da "revolta rural", Blair afirmou, numa carta aberta publicada semana passada, que "a proibição à caça à raposa não afetará outras atividades rurais tais como a pesca e o tiro".

Outros membros do governo optaram por uma abordagem mais agressiva. Um ministro acusou a Countryside Alliance de colaborar com um partido de extrema direita, mas rapidamente desmentiu a declaração, não sem antes afetar a reputação da organização.

A caça a raposa é uma forma viável de controle deste predador e de manejo da fauna, disse à CNS News o porta voz nacional da Countryside Alliance, o Sr. Paul Latham. Ele informou que 200 mil pessoas caçam na Inglaterra a cada ano e uma pesquisa recente, realizada por instituição independente, mostrou que 16 mil empregos dependem diretamente da caça.

Órgãos governamentais de controle da caça estabeleceram, recentemente, regras e formas de supervisão das caçadas para que estas transcorram "de forma apropriada e humana".